Vamos jogar um pouco conversa fora...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Política da laranja chupada

O colunista reconhece que esse nhém nhém nhém da Chesf está ficando chato. Porque todos os dias aparecem informações contraditórias e fica difícil esclarecer ao leitor. Ontem, após audiência com o presidente da República, o governador Eduardo Campos revelou que Lula lhe disse que fortaleceu a Chesf ao assumir sua dívida de R$ 3 bilhões. É uma interpretação que no balanço da empresa passa a uma unidade de Xingó de ser exata. Para começo de conversa, a dívida é relativa ao empréstimo que a Chesf fêz para construir as usinas de Xingó e Itaparica e que, devido aos seus lucros, vinha ao longo dos anos pagando sem dificuldade. Mas, no ano passado, quando decidiu limpar os balanços de todas as demais empresas do setor (estas sim, com dívidas impagáveis), a Eletrobras incluiu a da Chesf. Só que fez isso como adiantamento para futuro aumento de capital, com a sua capitalização para até 31 de março de 2010. Ou seja: pegou um crédito bom que tinha com a Chesf e o transformou em investimento. E ainda deixou de pagar Imposto de Renda com isso. Então não tem isso de “assumir” a dívida da Chesf, dando a ideia de que a companhia não poderia paga-la. O problema é que isso não veio de graça. Na verdade, para uma empresa que desde 2005 dá lucros sucessivos, a Eletrobras já está aplicando na Chesf a chamada política da laranja chupada: recolhe tudo que ela gera de lucro. E ano passado isso ficou claro quando ela recolheu 100% do lucro da Chesf. Certo, a estratégia de fortalecer a Eletrobras é correta do ponto de vista do investidor (a União). O que se questiona é se ela não está fazendo isso matando uma empresa com a importância regional da Chesf, que sempre lhe transferiu muito mais dividendos do que legalmente deveria. » Limpando o caixa da subsidiária Como se pode ver na tabela acima, desde 2004 a Chesf paga a sua controladora muito mais que os 25% que pela lei deve repassar como “dividendos mínimos obrigatórios”. Em 2004, foi 31,1%, passando para 47,8% em 2005, 44,7% em 2006 e 37,4% em 2007. Em 2008 (já sob determinação da Eletronorte), a Chesf transferiu 51,4% de seu lucro e ano passado a ordem foi transferir tudo. De 2004 a 2009, a Chesf transferiu para sua controladora R$ 2,184 bilhões. Não é errado uma holding ficar com os lucros de suas subsidiárias. Isso é o básico no mercado de investimento. O problema no caso da Chesf é que a holding está condenando ela a encolher. Fonte : Jornal do Commercio em 08/04/2010 http://chesfsempre.blogspot.com/2010/04/politica-da-laranja-chupada.html

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