Vamos jogar um pouco conversa fora...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Livro emprestado

Emprestar livro é uma dessas coisas que nunca consegui gostar. Ler livros usados também foi outra dificuldade que tive que superar, mas essa já superei. Hoje compro bastante coisa em sebos e depois vendo de volta. Meu vizinho, filho do dono da padaria, tem um desses sebos virtuais e eu sempre compro dele ali na padaria. Ele me traz coisas bacanas. É bem engraçado comprar livros na padaria onde a televisão fica ligada o tempo todo nos programas policiais. Alguns outros livros estão comigo desde sempre. Tenho uma coleção de arte que foi vendida em fascículos, acho que lá por 1978 ou 80. Essa coleção é bem desatualizada, pesada e vejo sempre vendendo nos sebos por preços bem baixos. Só que não me desfaço dela por algum valor sentimental e um certo apego a lembrança de ter ido comprando um por um durante vários meses. Uma vez fui ajudar minha avó a desmontar a garagem do meu avô, depois que ele tinha morrido e já não tinha mais carro há mais de 10 anos, e ela ficava me dizendo: isso aqui eu não quero jogar fora porque me lembra disso, aquilo ali eu não quero jogar porque me lembra daquilo. E o que mais impressionou foi um toco de madeira bem velho e ela guardava porque era o toco de madeira que a avó dela usava para segurar a porta da cozinha e era onde ela ficava sentada quando criança escutando as histórias da avó dela. Alguns livros são mais ou menos como as histórias da minha avó, só de olhar para eles já não consigo me desfazer. As histórias foram muito boas e tenho medo de esquecer se mandar para um sebo. Talvez nunca mais leia algum deles, mas vão ficar ali por mais um tempo. Veio uma moça aqui na casa do meu vizinho (esse é outro vizinho) e pegou -sem permissão- um livro que eu havia emprestado para ele. Era o Manual do Arquiteto Descalço, que é sobre arquitetura ambiental. É um desses livros que está bem na frente (ou estava) na minha estante. Um livro de consultas como um dicionário. Aliás o dicionário eu só uso a versão digital, as letras dos dicionários impressos foram feitas para gente que enxerga muito bem e eu não consigo mais enxergar aquelas letrinhas minúsculas. Mas o Manual é um desses favoritos. Já tinha lido inteiro e outro dia reli vários capítulos. Lá tem várias dicas que usei parcialmente na hora de construir minha casa do sítio e sempre recomendo algumas coisas para meus amigos que gostam de arquitetura ambiental. A maior parte das experiências do livro foi desenvolvida aqui no Brasil e tudo é possível de ser feito sem grandes custos. Pegar coisas emprestadas dos outros sem permissão já é uma coisa meio estranha e demorar a devolver é mais estranho ainda. E ela é professora da rede estadual. Fico imaginando como será que ela consegue ser boa professora se tem esse tipo de conduta com vizinhos dos amigos dela. Eu nem sou amigo dela e pretendo não ser, toda vez que abrir meu livro vou lembrar de que ele quase foi perdido porque uma mulher sem noção levou sem permissão. Manual do Arquiteto Descalço, autor Johan Van Lengen da editora Empório do Livro. Escrito por Duilio Ferronato às 10h28: http://blogdoduilio.folha.blog.uol.com.br/

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